Uma região refletindo a Europa medieval com o acréscimo de elfos e anões e a mais superba magia. Muito do que eu conheço como um cenário de campanha “típico” do D&D se desenvolve a partir desta premissa simplória. Partindo de suas raízes tolkinianas, os primeiros cenários a serem desenvolvidos para o jogo pela TSR dos idos dos anos 80, como Greyhawk e Dragonlance, seguem essa fórmula.
Durante a era do AD&D primeira edição, o potencial comercial dos cenários de campanha ainda estava sendo descoberto. Após o lançamento de Greyhawk, o mundo utilizado por Gary Gigax em sua campanha caseira, temos o Dragonlance e Forgotten Realms que são dignos de nota. Na verdade foi o Dragonlance quem revelou ser possível ganhar dinheiro com criação de mundos, e mais tarde foi feita a experiência madura com o Forgotten Realms, um cenário escolhido e desenvolvido para conter tudo referente ao AD&D na época do seu lançamento. Forgotten foi o Eberron de seu tempo, mas estou me afastando do assunto.
Contudo, quando a linha finalmente avançou para a segunda edição, o primeiro cenário explorado foi com um tema tão heterodoxo que na verdade afastou muitos grognards do jogo: Spelljammer. E a lista de cenários exóticos apenas aumentou. A ele se juntaram o Ravenloft, Dark Sun e Planescape, para citar os mais influentes, e durante essa era muitos outros cenários foram criados. Mais tarde essa política provou ser suicida, ao criar a cisma entre os jogadores de AD&D, que não mais se identificavam pelo jogo em si mais pelo cenário de campanha que defendiam. Mas, qual teria sido a motivação para os dirigentes da TSR da época colocarem tanta ênfase em fantasia “não tradicional”?
Mesmo não sabendo a resposta, podemos agradecer a herança que recebemos. Foi uma era onde a criatividade correu solta e nada conseguia prender a imaginação. Até hoje, quando muitos desses cenários não recebem qualquer tipo de suporte oficial, as fãs mantém viva a memória dessas terras de aventura. Se ousou ir mais longe que a visão original do criador do rpg, e apesar dos erros cometidos, alguns bem crassos, podemos dizer que o saldo foi positivo. Dos quatro cenários exóticos mais famosos, três são para mim muito queridos.
Acontece que sempre ocorreu algo estranho com essas linhas de cenário de campanha. Infelizmente, o que deu certo para Dragonlance, por exemplo, com seus romances e mega-plot, foi também utilizado em todos os cenários da empresa. Muitos deles foram destruídos por essa mania de “atualizar” o mundo tornando obsoleto muito do que as campanhas caseiras obtiviam. Eu sei o que muitos veteranos pensam sobre isso, “você não é obrigado a usar nada que não queira”, mas foram lançados tantos suplementos detalhando os mega-plots de cada cenário. Uma linha sobrevive, comercialmente, quando vende suplementos, e ao afastar o fã, ela cavava a própria sepultura.
Parece ter sido uma época mais ingênua. Não sei se veremos outra dessas para o D&D.
"Forgotten foi o Eberron de seu tempo"
ResponderExcluirmelhor comentário sobre o assunto ever! ehehe
é verdade, como filho da 2ed, tenho saudades da riqueza dos cenarios. uma das razoes da falencia tb foi um dos grandes legados da TSR, como vc disse. hj a 4ed tenta resgatar um pouco disso, tentanto agradar aos novos membros e aos antigos, ao resgatar aventuras classicas (como o Tomb of Horrors, para junho-julho).