Os livros começaram a ser folheados, contas feitas, itens mágicos consultados e o tempo foi passando. Eu virei e falei “olha, ou a gente monta os personagens ou a gente joga, não dá para fazer os dois hoje!”, e em vista desse dilema, peguei meus humildes livros da segunda edição e acrescentei “aqui dá para fazer os dois”. Quinze minutos depois, personagens devidamente montados e equipados, começamos o excelente conto de mistério e morte nos domínios de Diamabel, o celestial. Uma tarde gostosa e despretenciosa. Contudo, o dia sim esbarrou num obstáculo, o tal TACO, que provocou uma certa confusão, resolvida depois de alguns minutos de explicações. Ficou decidido que o mestre falaria as ACs dos adversários e o cálculo eu faria na hora (não um mistério muito grande). E depois disso, a aventura transcorreu sem maiores problemas.
Qual é a dificuldade com o TACO afinal, fiquei imaginando. É só diminuir a AC da criatura do valor de TACO e você descobre quanto precisa tirar no d20 para acertá-la. Existe muita gente que argumenta que a mente humana trabalha melhor com adições, e mesmo que “pareça” ter lógica tal argumento, não vejo esse problema absurdo em subtrair invés. Galera, aprendemos essas operações nos primórdios do primário. Não que o conceito, depois da explicação, tenha provocado mais problemas. Todo mundo se adaptou bem ao final da aventura. Então acho que o argumento sobre somas caiu por terra. Era só uma questão de hábito e adaptação. Até mesmo o mestre já tinha uma experiência longa com o AD&D segunda, e creio que ele se acomodou nas regras mastigadas do terceira, talvez. O ponto é que o TACO só assustou na hora, depois foi “mamão-com-açúcar”, característica do AD&D em geral.
Contudo, reconheço que eu, como mestre, gosto de manter o AC das criaturas um segredo que só é desvendado ao longo do combate, caso os jogadores se importem em contar. Mantém o clima de mistério e desafio, acho. Então, como eu faria se estivesse na cadeira do mestre dessa vez e não na de jogador? Olhando na “fórmula” consagrada para o cálculo do número de acerto, cheguei a uma conclusão curiosa. Vejamos:
TACO – Categoria de Armadura(AC) = Chance de acerto
Isso daria valores como TACO 20 para acertar AC 2: precisa de um 18 ou mais. Conclui-se que a chance de acerto é o resultado do dado que esperamos tirar.
Assim, se trocarmos de posição alguns elementos, chegamos ao seguinte cenário:
TACO – resultado no dado = AC acertada
Seria algo como TACO igual a 18 e tiro um 19 no dado. Acerto AC –1.
Pronto, consegui manter meu estilo e não dizer a AC da criatura de cara e ainda manter uma fórmula simples para ataques sem recorrer a uma matriz (que por sinal torna todo esse exercício redundante, mas dá mais trabalho para fazer). Isso faz o jogador dizer qual AC ele conseguiu e o mestre revelar se foi suficiente para um acerto ou não. No exemplo acima, quase uma certeza (caso não tenha sido suficiente, pode ter certeza que os jogadores começarão a se remexer desconfortáveis nas cadeiras!).
TACO para mim não representa desafio nenhum. Entendendo-se os conceitos, qualquer pessoa é capaz de continuar jogando com esses cálculos em segundo plano. Aliás, como praticamente todo sistema do AD&D faz, ficar em segundo plano enquanto que a história, o roleplay e o drama assumem a dianteira.Aventura concluída, o mestre vira-se para nós, com os olhos brilhando pela nostalgia, e revela que tinha esquecido o quanto era fácil e divertido jogar desse jeito. Como tantos outros, ele estava chateado pelo exercício matemático a que era submetido toda vez que queria mestrar uma aventura de D&D 3.x. Mas parece que consegui um novo converso, que não vai voltar a olhar para trás (ou para frente, não faço idéia). O old school é justamente o que supre a necessidade dele, tão atarefado com trabalho, estudo e responsabilidades como todos nós.
Relembrando agora, esse TACO não era um obstáculo muito grande afinal.
Gostei da sua explicação sobre o TACO e que eu lembre vc teve dois conversos, me converteu tb, lembra? ^_^ Amei o post! Espero ver muitos outros! Te amo!
ResponderExcluirmuito bom! nunca entendi a dificuldade com o thaco. ate escrevi sobre isso a um tempo atras:
ResponderExcluirhttp://www.vorpal.com.br/?p=1348
Opa, não conhecia esse artigo seu. É até mais amplo. Esse artigo, junto com o de saving throw, representa minhas postagens sobre as jhouse rules que irei usar em minha campanha. Inclusive tenho algumas para tornar a maioria dos teste "maior, melhor", mais para agradar o jogador moderno do que por achar o sistema falho. Ao longo da semana estarei atualizando o blog sobre isso.
ResponderExcluirAbraços
É o que eu digo, AD&D lhe ensinava soma algébricas, D&D apenas somas aritiméticas.
ResponderExcluirEsse negócio de "ai, TAC0 é difícil" é o maior exagero. Desde criança eu jogo com essa regra e sempre entendi. O que eu não entendo é como as pessoas acham difícil essa regra...
ResponderExcluirPena que você parou seu blog em 2013, amigo.
Se ainda anda por aqui, dê uma visitada no meu humilde blog, 90% dedicado a Ravenloft e 10% a Cthulhu Dark Ages:
https://bardodanevoa.blogspot.com/
Vou adicionar o seu blog no meu blogroll, para futuras consultas. Seus textos são bons.
Abraço!