Em um jogo onde o acumulo de tesouro é
importante, principalmente através da pilhagem de covis de criaturas nos ermos, fazia sentido medir a sobrecarga dos personagens de acordo com a quantidade de peças de ouro carregadas. Apesar de nos dias atuais a carga costuma ser calculada com desprezo do peso da pilha de ouro carregado, o jogo original possuía uma curiosa regra de carga seguindo essa lógica.
É até bem simples na verdade. Uma moeda padrão do cenário tem peso 1, a unidade básica, e cada peça de equipamento tem seu equivalente em relação a essa moeda. Cada categoria de sobrecarga possui um teto em moedas possíveis de ser carregadas, com a força permitindo carregar mais moedas. Por exemplo, uma peça de armadura pesada seria equivalente a 750 moedas, um homem seria equivalente a 1750 moedas, uma arma pesada à 150, e assim por diante, com o máximo de sobrecarga em 3.000 moedas (valores retirados do livro Men & Magic, caixa marrom do D&D). É até realista do ponto de vista histórico, já que a medida de valor de muitos comerciantes eram o seu peso em relação a um metal precioso.
Se por um lado vejo uma certa estranheza ao se utilizar essa regra nos dias de hoje, acostumados como estamos a convenções e conveniências, apesar de nós desse lado do hemisfério ainda termos dificuldade em compreender o sistema imperial utilizado em muitos rpgs de origem norte americana, acho interessante a atmosfera que essa regra evoca. Ele foca a mentalidade dos jogadores para uma atividade específica, o acumulo de tesouro através do “loot”, e em poucos momentos eles estarão pensando em incontáveis maneiras criativas de carregar mais tesouro.
Aproveitando o anuncia de relançamento do D&D original pela Wizards no final do ano, estará novamente ao alcance e interesse dos hobbie rever e relembrar essas e outras escolhas de design que, mesmo que tenham ou não sobrevivido, contam algo sobre a história do grande pioneiro que faz uma enorme parte das nossas vidas até os dias de hoje.
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