domingo, 5 de agosto de 2012

Sempre se perguntou de onde veio o nome Dungeons & Dragons?

Realizando minhas pesquisas na net (cada vez mais raras), esbarro numa entrevista com Gary Gigax realizada para o RPG.net em 2001 que chamou minha atenção. Mesmo tento uma dose considerável de informação já bem conhecida do público em geral, em uma pergunta em particular, sobre a cooperação entre Gary e Arneson na criação do RPG seminal, Gigax revela o processo pelo qual o jogo veio a se chamar D&D, o familiar Masmorras e Dragões. E essa é uma peça de relevância histórica o suficiente para compartilhar com os queridos leitores do blog.

Na fase inicial de playtest, um título de substituição era usado para se referenciar ao jogo enquanto um nome comercial não era pensado. Esse nome era The Fantasy Game, “O Jogo de Fantasia”. Talvez influenciado pelo acrônimo de Castles & Crusades Society, seu grupo de wargaming, Gary já havia se decidido pelo acrônimo D&D.

Se utilizando de uma lista de palavras possíveis dentro dessas letras, várias pessoas do círculo pessoal de Gigax, amigos, família e jogadores, poderiam escolher aquelas que achavam melhor identificar o jogo. Coube então à filha mais nova de Gary, Cindy, a escolha de Dungeons e Dragons que todos os outros reconheceram como a melhor escolha. Assim, nasceu o nome que todos nós estamos acostumados até hoje.

Mas, deixe o próprio mestre contar sua história:

“As an aside, I must laugh at some comment I saw about the name for the game being "The Fantasy Game" until someone "wised me up". Having been employed as an Editor-in-Chief, selecting what game rules and games would be published by Guidon Games since the beginning of 1971, I was well aware of the need to use a working title, the need for some caution in regards using the actual name for a a projected game release. So that's the reason for that bland one on the draft works…”

(tradução livre) Confidenciando, ou preciso rir de alguns comentários que vi sobre o nome do jogo ser “The Fantasy Game”, até alguém me “mostrar juízo”. Ter sido empregado como Editor por Guidon Games, selecionando regras de jogo e jogos que seriam publicados, desde o início de 1971, eu era bem consciente da necessidade de um nome de trabalho, a necessidade de alguma precaução referente ao uso do nome real para um jogo projetado para lançamento. Esta é a razão para o nome superficial nos rascunhos iniciais…”

“…By the time the second draft was circulating amongst the testers, I had decided upon the actual title to be used, D&D. This was done by making a list of likely words. I then asked the members of my gaming group, and my family, to choose that one, or that combination of words, that they found best suited the game, and appealed most. When my youngest daughter, Cindy, added her eager approval to the combination of "Dungeon" and "Dragon," that confirmed my choice, and that of most of the others too. So the Dungeons & Dragonstitle was born…”

(tradução livre)…Pelo tempo que o segundo rascunho estava circulando entre os testadores, eu havia me decidido pelo título que seria usado, D&D. Isso foi feito ao criar uma lista de palavras afins. Perguntei então aos membros do meu grupo de jogo e minha família para escolher uma palavra, ou combinação delas, que eles achavam melhor representar o jogo, e que era mais atrativa. Quando mina filha mais nova, Cindy, ardentemente aprovou a combinação de “Dungeon” e “Dragon”, isso confirmou minha escolha, e as da maioria do grupo também. Assim o nome Dungeons & Dragons nasceu…

Isso em parte me lembrou da mesma tática usada por pessoa como George Lucas para reunir opiniões e confirmar ideias de nomes de suas obras de ficção. Pelo menos Jar Jar Binks tem uma gênese parecida com a descrita acima (o que confirma que algumas vezes o tiro sai pela culatra…).

A entrevista original, conduzida por Scott Lynch, pode ser encontrada seguindo esse link. Entre outras perguntas interessantes, Gary revela detalhes do seu processo de trabalho no início do século. Nesta época o autor conduzia seu spin-off do D&D chamado Lejendary Adventures, um sistema que usava como inspiração nosso planeta Terra, utilizava um sistema de resolução percentual e focado nas perícias e sem classes (ou melhor, com ênfase diminuída em arquétipos). Os livros de regras ainda reimaginavam muitos dos termos do RPG estabelecidos em seu jogo original, como Avatar para Personagem do Jogador. Praticamente, Gigax tentou reinventar a roda e fazer a mágica de novo.

Lejendary Adventures foi praticamente ignorado por público e mídia, e ainda é um tesouro perdido do grande mestre em lojas de leilão virtual pelo mundo afora. Eu particularmente já tive acesso aos livros de LJ, e realmente alguns deles me espantaram com as diferenças dentro do jargão normal do RPG. Uma leitura mais cuidadosa me permitiu ver que era Gary falando a mesma coisa que estamos acostumados com outras palavras, mas esse apelo “negativo”  nunca abandonou o jogo. Em fato, Gary estava tão traumatizado pelos anos de disputa judicial pelo legado do seu antigo império da TSR que é até compreensível ele querer evitar qualquer associação com seu antigo jogo, mas isso talvez tenha contribuído para Lejendary nunca ter se tornado um jogo popular.

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