Sobre aventuras em masmorras esquecidas e florestas assombradas que se passam apenas na imaginação
domingo, 30 de maio de 2010
Breve reflexão sobre os cenários mais exóticos do AD&D
domingo, 23 de maio de 2010
“Lá e de volta outra vez”
Além de trabalho e problemas pessoais, o usual, um fator que me manteve afastado foi um pequeno “trabalho freelance” para a RPG Magazine nº8, a pedido de meu amigo Thor. Um artigo sobre o filme Avatar e uma adaptação para o D&D 4 edição. Eu sei, adaptações não são bem o cálice sagrado de jogadores old-school, sem entrar no mérito do sistema utilizado, mas terminá-lo foi extremamente gratificante, além de exaustivo! Por um mês inteiro não queria saber de ouvir a palavra rpg de novo… Mesmo desviando do foco, para quem estiver interessado a versão digital da revista, gratuita, pode ser encontrada aqui.
O bom que tirei da experiência foi um respeito maior para quem dedica seu tempo livre para esse tipo de produção, já que o rpg no Brasil é um ato de amor ao invés de ser pelo dinheiro (que muito raramente vem de qualquer forma). Não foi fácil concluí-lo. Ao que parece o editor gostou do que escrevi (ou está muito desesperado, o que suspeito veementemente) e me pediu um novo texto. Algo sobre um animê chamado Blue Dragon. Mas estou me adiantando no tempo.
Voltando a praias que me trazem as melhores recordações, devo admitir que não tenho jogado ou mestrado nenhum das minhas inúmeras campanhas que insisto teimosamente em manter. O afastamento não foi apenas daqui, mas sim de muitas atividades que um bom rpgísta mantém. A parte boa é que essas “férias” vieram em boa hora para renovar as idéias e revitalizar o gosto pelo hobby. Certos amores são para a vida toda, não é?
Isso as vezes me faz refletir o quão masoquista somos. Pergunte a dez rpgístas se eles já foram ou estão frustrados com a brincadeira e você vai ouvir dez respostas afirmativas. São campanhas que nunca conseguimos terminar, sistemas que nunca conseguimos jogar, jogadores que insistem em não dar a mínima para nossa última “obra prima” da escrita fantástica e levam a aventura na sacanagem. Leitores, quero que conheçam meu amigo Bob, o Bárbaro. Bob é sempre aquele que decidi ser mal-educado naquela cena em frente ao rei, que decidi procurar um bordel e agenciar algumas “meninas de vida fácil” enquanto a trama está no meio de uma intriga política e é ele que sempre faz nosso vilão majestoso soar como o Mr. Bean ao rir daquele discurso que deveria causar arrepios. Há Bob, você até mesmo tem outros nomes, como Jorge da Costa, o contrabandista mais rápido da galáxia. Mas querem saber? As vezes é bom ser apenas o Bob, jogar como o Bob. Dias passados quando nada era tão sério e quando olhávamos para os lados e víamos apenas nossos amigos de infância se divertindo a beça. Tendo um grande momento juntos. Levamos as vezes tão a sério esse pequeno “jogo” que esquecemos de sua função principal, nos divertir.
Mas chega desse papo saudosista. Isso tudo é para dizer que pretendo tirar meu pequeno blog da gaveta e limpar a poeira. Manter o espírito old-school vivo. Existe um projeto para um rede de blogs de “velha guarda” que está germinando no Orkut, e espero que ele veja a luz do dia. A Guilda dos Blogueiros Old School. Nome bacana. E mesmo as vezes querendo apenas ser mais um Bob, sempre há aquele ímpeto de que na próxima sessão, aquela que ninguém da nada, criaremos uma história fantástica digna dos clássicos. E nos frustramos ao levar as coisas sérias demais novamente. Damn it…
sexta-feira, 12 de março de 2010
Aliados: ajudantes improváveis?
domingo, 7 de março de 2010
Nota: Lembrando Gary
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Sub-gêneros da Fantasia e seu impacto no D&D
(Texto modificado e expandido de sua aparição original. Veja os comentários)
Dungeons & Dragons é considerado um dos mais influentes veículos de popularização de fantasia, principalmente a medieval. Seus produtos incluem jogos, romances, games, cards, e vários outros “brinquedos”. Contudo, Fantasia é um campo vasto dentro da Ficção Especulativa. E o D&D já tentou investir em vários ramos desse campo. Dos seus primórdios na Espada & Feitiçaria até a quase homogenia da Alta Fantasia em seus produtos atuais sob a égide da Wizards of the Coast, tivemos a influência da Fantasia Sombria, Baixa fantasia, Fantasia Urbana, Fantasia Leve, entre outras. Quais são as diferenças entre esses gêneros dentro dos universos criados para o D&D? Abaixo tentarei dar breves explicações de cada um que acredito serem influentes, seguido de exemplos em cenários de campanhas comerciais e outros produtos de ficção:
Alta Fantasia ou Fantasia Épica (High Fantasy): trata sobre heróis predestinados e “maiores que a vida” como o conflito entre o bem e mal. Se desenvolvem em mundos completamente fictícios, algum paralelos ao nosso próprio, onde o poder da magia é grande e a tudo permeia. Os protagonistas típicos dessa tema levam vidas pacatas e são arrastados para sua “jornada heróica”, alguns pela força dos acontecimentos outros por amor a aventuras. Profecias e direitos de nascença também são elementos comuns, como também jornadas e missões. Alta fantasia se aproxima muito do mito, no sentido de haver uma grande impacto do fantástico e místico. O trabalho mais conhecido de literatura da alta fantasia é a trilogia Senhor dos Anéis, mas temos esses elementos em por exemplo Harry Potter e Crônicas de Nárnia. Hoje em dia é o a primeira coisa que vem a cabeça quando se fala em fantasia, uma afirmação de sua popularidade.
Baixa Fantasia (Low Fantasy): essas são histórias onde a magia tem uma influência periférica e os acontecimentos são mais pé no chão. É parente do Romance Histórico, pois tirando o fato do mundo imaginário, se foca nas ações de pessoas talentosas mas ainda assim “humanas”. Como boa medida comparativa, um assassino de alta fantasia pode ser motivado por uma devoção a um deus maligno, enquanto que sua contraparte da baixa deseja apenas algumas moedas de prata. Segundo uma definição no wikipédia, baixa fantasia se refere a quantidade, não a qualidade, da magia no mundo. Em geral, são poucos os cenários de campanha que merecem esse rótulo, pois ele acontece nas mesas mais pela dinâmica escolhida pelo DM. Campanhas com poucos itens mágicos que se mantém razoavelmente próximas do realismo, onde o sobrenatural e mágico são acontecimentos raros podem ser chamadas de Baixa Fantasia. Exemplos de baixa fantasia em português são escassos e raros, mas temos um bom exemplo no meio rpgístico com Shadowrun.
Fantasia Sombria ou Negra (Dark Fantasy): são fantasias com elementos de horror ou realismo brutal. Sua definição padrão é oferecida por Charles Grant, “um tipo de horror onde a humanidade é ameaçada por forças além do conhecimento humano”. Se difere do Horror Sobrenatural (gêneros irmãos) pois dá mais ênfase no sobrenatural, na caso, o mágico. Fantasia sombria também é usado como um termo geral para outros trabalhos que bebem de diferentes fontes da fantasia. Um bom exemplo seria a saga de Elric de Melniboné, que também tem elementos de espada & feitiçaria., sendo que outro exemplo, já no mundo rpgístico, é a linha Warhammer, com seu mundo fantástico medieval niilista.
Fantasia Leve (Light Fantasy): onde o humor é a peça central da fantasia. Fantasia leve evita temas profundos e maduros, escolhendo uma abordagem de confusões cujas consequências raramente são danosas e fatais. Como a baixa fantasia, a leve não tem representantes sérios comerciais, mas é algo que pode ser implementado erm qualquer campanha por escolha do mestre. Pense em algo como Sonhos de uma noite de Verão de Shakespeare, onde o líder do grupo dos atores tem sua face transfigurada na de um asno, mas por diversão das fadas do que para machucar o personagem. Um cenário conhecido, que até tem versões em RPG, é Discworld de Terry Pratchet, com suas situações absurdas e trocadilhos bem bolados.
Fantasia Urbana (Urban Fantasy): como o nome implica, esse gênero tem como foco aventuras numa metrópole de fantasia, podendo pender tanto para a espada & feitiçaria, sendo as histórias de Fafhrd and Grey Mouse, de Frits Leiber, um excelente exemplo, como a fantasia de maneiras (um gênero que não tem muita haver com rpgs), entre outros.
Espada & Feitiçaria (Sword & Sorcery): de longe o gênero que teve mais influência sobre a criação do D&D, e ainda um dos mais populares. O foco está na própria aventura, no embate entre exércitos e no saque de tesouros perdidos. A magia pode pender tanto para a Alta quanto para a Baixa, mas ela é rápida e em geral usada para o combate. Tem alguns elementos em comum com a Baixa fantasia, e também com a ficção pulp, que trata de outros assuntos além de fantasia. Pode-se esperar donzelas em perigo, embates entre exércitos, um mundo cru e brutal, mas ainda assim “humano”. Os mundos fictícios retratados nesse gênero são a própria Terra, em algum período histórico passado ou futuro, ou um mundo muito parecido com o nosso, mais “realista”. O autor que serve de referência para este gênero é Robert E. Howard, com suas histórias do Conan e do rei Kull. Entre outros exemplos estão as histórias de Fahhrd and Grey Mouse, como citado, além de Elric, Kane e Thongor.
Fantasia Científica (Science Fantasy): tenta mesclar a ciência com a magia, sendo que normalmente a primeira é vista como a segunda. Um gênero um tanto raro, com poucas referências. Gamma World é o melhor exemplo no mundo do RPG, que foi criado para ser mesclado com o AD&D. Wilderlands também possui elementos disso em seu passado longínquo, mas é um detalhe que pode ser facilmente ignorado. Spelljammer NÃO é fantasia científica, e esse cenário não possui uma definição fácil, já que não trata de tecnologia ou ciência como a conhecemos mais sim de um fictício universo arcano.Terra Morta (Dying Earth): um gênero até mais raro do que todos os acima é esse, cujo trabalho de definição é a série que lhe dá o nome, Dying Earth de Jack Vance. Trabalho com temas como idealismo, corrupção, ambientalismo e esperança. é aparentado com a fantasia científica, pois em geral se baseia no futuro da terra, em sociedades estagnadas ou decadentes, onde tudo parece estar se aproximando do fim. Tem grande influência no D&D, em parte por servir como fonte primária de inspiração para o sistema de magia “lance e esqueça”, também conhecida como sistema Vanciano(obviamente, de Vance).
Alta “Magia” vs Baixa “Magia”: não se deve confundir as definições acima com a “qualidade” da magia no mundo fictício. Conan, por exemplo, é um cenário de espada & feitiçaria com detalhes da baixa fantasia, mas a magia no cenário é brutal e grandiloqüente. Como no Senhor dos Anéis os feitiços são humildes e sutis. Acontece que no último o próprio mundo é tão misticamente conectado que ele é definido sem sombra de dúvida na alta fantasia (entre outros elementos do gênero), enquanto que o primeiro o mundo tem tanto reminiscência do nosso, como sua “existência” em nosso passado pré-histórico, que o exclui da definição de alta.
Em sua concepção, o D&D original bebia de todas as fontes de fantasia comuns nos anos 70, sendo que os principais eram alta fantasia e espada & feitiçaria. Apenas por propensão pessoal dos autores originais, Gary Gigax e Dave Arneson, este último teve uma influência mais profundo no tipo de aventuras criadas. Basicamente, o estilo era espada & feitiçaria num mundo pincelado pela alta fantasia Tolkieniana, um sucesso literário na época e uma oportunidade difícil de se escapar para ganhar em cima. Ele é o motivo dos mundos de d&d serem populados por anões taciturnos, elfos místicos e nobres, orcs grotescos. é até célebre a contenda judicial com os detentores dos direitos do Senhor dos Anéis, pois a primeira encarnação do D&D possuía hobbits e Balrogs também. Para evitar as sanções merecidas, esses viraram respectivamente os halflings e Balores. O cenário de campanha que mais exemplifica essa união é Greyhawk, e primeiro criado para o sistema AD&D, já que o d&d ia ficar órfão de um cenário “oficial” pelo menos pelos próximos anos de vida (quando apareceu o “mundo conhecido” ou Mystara).
Contudo, ao longo de evolução comercial da linha, o D&D começou a investir mais seriamente em diferentes mundos baseados nesses sub-gêneros. O primeiro foi o Dragonlance, que invertia as influências do Greyhawk. Abaixo irei delinear alguns dos cenários mais conhecidos e indicar suas maiores influências. Quero reiterar que muitas dessas definições existem no próprio cenário, outras foram criados por mim ao estudar com atenção seus elementos internos existentes quando não há muita clareza. Está inclusive aberto a discordâncias e opiniões contrárias (fique a vontade para dar sua opinião nos comentários):
- Greyhawk: espada e feitiçaria com um mundo pincelado de elementos da alta.
- Dragonlance: Alta Fantasia, com baixa magia.
- Forgotten Realms: Alta fantasia, com alta magia, podendo pender para a espada & feitiçaria em vários momentos.
- Ravenloft: Fantasia Sombria
- Dark Sun: basicamente um mundo de Fantasia Sombria, por seu mundo de ultra-violência niilista e a influência do Reis-Dragões, com pinceladas do gênero Terra Morta.
- Birtright: alta fantasia, pelo simples fato de que os governantes são destinados a governar sua terra e ganham poderes por isso. Também bebe de fontes de fantasia arturiana.
- Mystara (ou Mundo Conhecido): mesmo que Greyhawk.
- Al-Quadim: Alta Fantasia Árabe.
- Lankmar: Fantasia Urbana e Espada & Feitiçaria.
- série Historical Reference: Baixa Fantasia a princípio.
- Planescape e Spelljammer: cenários de difícil definição, em parte porque não existem exemplos literários conhecidos. Ambos substituem um teoria científica fantástica para explicar sua existência por um teoria arcana “pseudo-científica”. Fica aberto aí a proposta dos leitores do blog para idéias sobre o assunto.
O que vem acima contém também muita sugestões sobre certos cenários de difícil definição. O D&D tenta abraçar muitos gêneros de fantasia sem muito pensamento sobre o resultado final. E todos os cenários acima podem ter elementos, intencionais ou não, de outros sub-gêneros. Existe uma grande quantidade de justaposição, inclusive na literatura. Em parte o DM é grande responsável por manter ou desviar um tema para o qual o cenário tem mais afinidade. Para fazer isso ele deve entender os diferentes temas favorecidos pelo gênero e aplicá-los ou evitá-los em sua campanha. A muito de se ganhar para um DM empreendedor quando este busca compreender a complexidade e vicissitudes desses gêneros, ao direcionar sua energia criativa.
Além de tudo, o tema da ficção especulativa, que inclui a fantasia, é um campo vasto e fascinante para estudo e aprofundamento, e espero pelo menos ter acendido a centelha da curiosidade para isso. Nem mesmos os especialistas concordam em tudo, o que convida a todos a também pensar e “imaginar” junto, a cerne e o charme da fantasia.
Até o próximo post.(fontes de pesquisa: Gurps Fantasy 4th edition, DMG 4th edition, novelas Crônicas de Dragonlance, trilogia Senhor dos Anéis, Wikipédia [site], Fiction Factor [site], Writing.com [site], Enciclopédia Laurosse, General Fantasy [fórum])
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Frank Mentzer e sua definição de “Nova Escola”
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
O Forte na Fronteira (a.k.a. Keep on the Borderlands)
Jogadas de Salvamento: uma outra visão
Hoje eu venho falar dos saving throws, ou melhor, das jogadas de salvamento, aquele teste que todo personagem deve fazer para evitar um ataque catastrófico, como a baforada de um dragão, as chamas arcanas de uma bola de fogo ou a perniciosidade de um veneno fatal. O que eu apresento aqui é tanto uma simplificação quanto uma expansão desse recurso, que estou usando em minhas mesas como uma “house rule”.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
O Famigerado TACO (e o “bom filho a casa retorna”)
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Exploração Gygaxiana 101
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
O linha “Essentials” da Wizards
Seguindo meu último post sobre o novo “Starter Set” lançado pela WotC, qual foi minha surpresa em verificar, em seu site, que não apenas um produto voltado para iniciantes, mas 9(!) já foram anunciados. Mas o que essa linha tem de especial, que está causando um certo alvoroço pela blogsfera?O que ela tem de diferente dos outros Starter’s lançados (inclusive a primeiro da 4th)?
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
O novo Starter Set do D&D 4th
domingo, 24 de janeiro de 2010
Old School: uma pequena história
Afinal, o que é “old school” e porquê ele tem tido essa alta popularidade? Puxe uma caneca de cerveja e sente-se aqui perto da lareira…
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Mandamento Old School
A seguir uma tradução livre do "Evangelho da filosofia old School", quer dizer, o que se deve esperar de um jogo desse tipo em relação aos demais:
”O papel do DM superior NÃO é contar uma história para seus jogadores. Ele precisa apenas prover um ambiente interessante e desafiador para seus jogadores explorarem e com isso administrá-lo de forma imparcial. Jogadores superiores serão capazes de criar uma história interativa focada em seus personagens através desse esqueleto, e nem os jogadores nem o DM podem dizer aonde essa história irá os levar.” (Tradução livre retirada do fórum Knights & Knaves Alehouse)
Essa frase tem me feito pensar bastante nos últimos meses, e minha campanha baseada nesses preceitos irá começar em breve. Irei postar aqui as minhas impressões sobre ela, aguardem.